Alessandra Ogeda | alessandra.ogeda@diario.com.br
Eles são jovens e têm ideias para produtos e serviços consideradas
revolucionárias. Quando criaram as suas próprias empresas estavam na faixa dos
20 ou 30 anos de idade. Esse perfil de empreendedores catarinenses está cada vez
mais na mira dos fundos de investimentos e das redes de "investidores-anjo".
Todos em busca da próxima proposta que poderá multiplicar as suas apostas e
valer alguns — ou vários — milhões.
Se você tem uma startup (empresa inovadora iniciante que tem grande potencial para deslanchar), mas não tem recursos para tornar o seu negócio realidade ou fazê-lo crescer, um caminho para conseguir dar certo pode ser o capital de risco. Leia, a seguir, uma série de dicas, de empreendedores e investidores, de como ter sucesso na busca por este tipo de recurso:
>> Dicas dos empreendedores
:: Marcos Passos, 22 anos, criador do site Bookess:
— Não procure um investidor quando você tem apenas uma ótima ideia. O melhor momento de fazer isso é quando você já começou o projeto e tem algo prático para mostrar
— Em outras palavras, não comece com o plano de negócios, mas criando um protótipo do seu projeto e mostrando que ele é viável e que poderá crescer e trazer lucro para o investidor
— O maior problema não é ter uma ótima ideia, mas conseguir definir um modelo de negócio sustentável. Agregue valor ao que você está oferecendo e mostre de que maneira a proposta trará dinheiro para quem acreditar nela
— Se você criar um site, defina muito bem o seu modelo de negócios — a maneira com que ele dará lucro — e consiga pelo menos 100 clientes para ele antes de procurar um investidor
— Busque formar um histórico de sucesso, com iniciativas de êxito anteriores, porque o capital de risco não investe apenas na empresa, mas no empreendedor também
:: Tarqüinio Teles, 40 anos, fundador da Hoplon Infotaintment:
— Tome cuidado com o "vulture capital" (capital abutre). O investidor que pedir mais de 50% da empresa em troca da injeção de capital está explorando o empreendedor e não é sério
— No primeiro contato com o investidor, mais importante que a vantagem tecnológica da proposta é mostrar a oportunidade de retorno financeiro que aquele negócio poderá trazer para quem acreditar nele
— Não perca a oportunidade de vender o seu negócio como uma boa ideia para um investidor. Como nos vestibulares, a chance aumenta depois de algumas tentativas. Por isso busque, primeiro, fundos em sua região para "treinar"
— Busque um bom escritório de advocacia para lhe ajudar nos detalhes do plano de negócios e durante as negociações com os investidores. Também deixe muito claro os detalhes de alterações na empresa com os seus sócios
— Dentro do possível, escolha como sócios pessoas de diferentes áreas — evitando uma equipe só de técnicos, por exemplo — com quem você já tenha trabalhado junto, que revelem profissionalismo e em quem você confia
:: Bernardo de Castro, 31 anos, presidente da Arvus Tecnologia:
— Se a sua empresa fabrica produtos ou soluções, tente conquistar pelo menos um cliente de referência (de grande porte e conhecido) para comprovar que o conceito do que você faz pode emplacar antes de buscar um investidor
— Pense no fundo de investimento como um sócio-investidor. Por isso, desenvolva um apego menor ao seu negócio, já que ele poderá ser vendido integralmente no final do ciclo de investimento do fundo
— Produza um "pitch" (resumo) com dados da empresa e do projeto de investimento convincente, tentando conquistar junto ao investidor uma primeira reunião de apresentação — onde entrará em jogo o plano de negócios
— Em um "pitch" é recomendável que sejam citadas as informações básicas sobre o que a empresa faz, dos empreendedores, o mercado em que ela atua e a projeção de crescimento do negócio e de seus produtos
— Quando for entregar/apresentar o plano de negócios, tente fazer um contrato de confidencialidade com o investidor, para que ele não termine chegando à concorrência
:: João Bosco, 29 anos, sócio-proprietário da Chaordic Systems:— Compartilhe o seu plano de negócios com conhecidos, como empresários e professores, para que eles contribuam com o projeto refinando ideias e adequando a proposta para o mercado
— Conheça bem o fundo para o qual você pretende apresentar o plano de negócios. Da mesma forma com que eles avaliam o empreendedor, é importante que você conheça o perfil pessoal dos investidores
— Aproveite ao máximo o networking (rede de relacionamentos) e a experiência de gestão oferecida pelo fundo ou pelo grupo de investidores-anjo com quem você assinar um acordo de investimento
— Procure se aperfeiçoar buscando, além das informações técnicas, conhecer outras áreas, como Administração e Direito, que podem auxiliar muito no desenvolvimento da empresa
>> Dicas dos investidores
:: Marcelo Cazado, gestor da Floripa Angels:
— Se você é uma startup web, procure consolidar o seu projeto e não apenas vender uma ideia. Mostre que você é capaz de executar o que está propondo como negócio rentável
— Evite começar a empresa com muitos sócios. Porque se você tiver cinco, por exemplo, o risco de conflitos é muito maior e você não está deixando espaço para a entrada de um investidor como sócio
— Escolha um investidor que possa aportar, muito mais que dinheiro, capital intelectual para o seu negócio. Alguém que possa dar apoio constante para o projeto e auxiliar diretamente no seu desenvolvimento
— Se você enviar uma proposta por e-mail, produza um material de alto nível: atrativo, objetivo, claro, bem escrito, sem erros de português ou de informações. Seja sucinto, enviando no máximo 10 páginas de conteúdo
— Tenha em mente que o seu negócio deverá apresentar uma rentabilidade maior para o investidor do que as opções de pouco risco do mercado, como o investimento em imóveis ou em ações blue chip (de alta liquidez, como Petrobras)
:: Reinaldo Coelho, gestor regional do fundo Criatec:— Independente do perfil do fundo ou do investidor-anjo que você for procurar, algo tenha claro: a sua empresa deverá ser muito inovadora
— Procure apresentar não apenas um produto ou serviço inovador, mas um conceito de plataforma tecnológica — ou seja, que a partir do seu projeto possam ser criados vários outros produtos ou soluções interessantes ao mercado
— Procure formar uma equipe diversificada e balanceada, que não tenha apenas empreendedores com uma visão interna, para o desenvolvimento técnico do produto, mas também com visão externa, voltada para o mercado (ou seja, não apenas engenheiros, mas profissionais dedicados à comercialização e às finanças)
— Tenha em mente que a necessidade de aporte para o seu projeto deve ser adequada à possibilidade do fundo — não adianta pedir R$ 5 milhões para um fundo que tem um limite de R$ 1 milhão por empresa para investir
:: Marcelo Ferrari Wolowski, gestor do Fundo SC:— Pense como um empresário que vai comandar um negócio, muito mais do que como o inventor de uma nova tecnologia ou serviço. Desta forma, será muito mais fácil elaborar um plano de negócios convincente
— Coloque-se no lugar do investidor, planejando com detalhes como você vai buscar o crescimento da empresa e, consequentemente, como fará o dinheiro investido render
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