Investimento em inovação pode abrir portas no exterior
“Se nossas empresas não pensarem a inovação em nível global, elas morrerão, porque o Brasil é um mercado global”. Com a afirmação taxativa, Bruno Moreira, Diretor da Inventta, finalizou sua apresentação no Comitê de Inovação, promovido pela Câmara Americana de Comércio (Amcham).
Bruno Moreira relaciona a dificuldade que os manufaturados brasileiros têm em adentrar mercados internacionais devido aos altos custos de produção. Segundo ele, a falta de competitividade mundial será solucionada caso as empresas decidirem investir em inovação tecnológica e processual. “É preciso melhorar os processos de produção, aprimorar produtos. O que é novo é inovador. Caso isso não ocorra, o empresário perderá o mercado nacional também”, alerta Moreira.
Fabio Klein, diretor de Desenvolvimento Tecnológico da Embraco, durante o comitê na Amcham, apresentou o caso da companhia nacional. Fabricantes de compressores para refrigeradores, a Embraco é líder mundial no setor. De acordo com Klein, a
posição veio devido ao espírito inovador da empresa. “Por questão de sobrevivência, a Embraco se internacionalizou”, conta.
posição veio devido ao espírito inovador da empresa. “Por questão de sobrevivência, a Embraco se internacionalizou”, conta.
Klein afirma que apenas 3% do faturamento são destinados a pesquisa e desenvolvimento (P&D). O valor é suficiente para manter na Universidade Federal de Santa Catarina o laboratório Pólo, do qual saíram mais de 1050 patentes. O desenvolvimento de novos e melhores produtos deu gradativamente a liderança do mercado. Klein reclama que, atualmente, seus concorrentes possuem baixo custo de produção e imitam os produtos da companhia. “Tínhamos quatro concorrentes que enfraqueceram. Agora eles são chineses.”
José Ricardo Roriz Coelho, Diretor do Departamento de Competitividade e Tecnologia (Depecom) da Fiesp, diz apenas 0,5% do faturamento é suficiente para que empresas de baixa tecnologia consigam produtos inovadores. Segundo o diretor, para companhias de alta tecnologia, o valor destinado fica entre 8% e 10%. “A inovação é um instrumento de competitividade e muitas empresas não precisam comprometer grande parte de seu faturamento em P&D”, afirma.
A preocupação dos executivos, no entanto, está longe de ser atendida pelas empresas brasileiras. Segundo dados do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCT), 1,16% do Produto Interno Bruto (PIB) foi destinado à inovação. Deste montante, as
entidades privadas contribuíram com menos de 50% do total, enquanto o poder público investiu o equivalente a 0,61% de toda riqueza produzida pelo País em 2009. O índice coloca o Brasil muito atrás dos países desenvolvidos e alguns emergentes. Coreia (3,3%), Japão (3,23%), Estados Unidos (2,62%) e China (1,46%), por exemplo, possuem maior participação do setor privado.
entidades privadas contribuíram com menos de 50% do total, enquanto o poder público investiu o equivalente a 0,61% de toda riqueza produzida pelo País em 2009. O índice coloca o Brasil muito atrás dos países desenvolvidos e alguns emergentes. Coreia (3,3%), Japão (3,23%), Estados Unidos (2,62%) e China (1,46%), por exemplo, possuem maior participação do setor privado.
De acordo com Felipe Couto, do Centro Internacional de Inovação (C2i), programa da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), explica que muitas empresas têm aversão a risco, preferindo não destinar largas quantidades de dinheiro em projetos que podem não dar certo. “O dispêndio de capital gera entraves nas companhias. Por isso auxiliamos o acesso ao crédito”, diz. Couto, no entanto, afirma que a iniciativa de desenvolver linhas de pesquisa e desenvolvimento devolverá o investimento ao longo do tempo. “Empresas que inovam mais, exportam mais”, avisa.
Criado em 2009, o C2i já prestou consultoria para mais de 200 empresas. 22 duas delas conseguiram linha de crédito junto a Financiadora de Estudos e Pesquisas (Finep), tido como o BNDES da inovação. O total destinado chega a R$ 45 milhões.
Felipe Couto e Bruno Moreira criticam a falta de agressividade do empresariado brasileiro frente à necessidade de inovar. “Muitos
se interessam pela área, mas poucos implementam os projetos”, diz o gestor do C2i. “As empresas ao descreverem sua visão e valores, dizem prezar pela inovação. Em sua maioria, o discurso fica apenas no papel”, critica Moreira.
se interessam pela área, mas poucos implementam os projetos”, diz o gestor do C2i. “As empresas ao descreverem sua visão e valores, dizem prezar pela inovação. Em sua maioria, o discurso fica apenas no papel”, critica Moreira.
Couto avisa que a China é um concorrente que pode enfraquecer produtores nacionais não apenas no mercado externo, mas em seu próprio país. “Os custos de produção dificultam a exportação e o câmbio facilita a importação. É preciso se diferenciar no mercado interno também”, diz.
Fonte: DCI
Nenhum comentário:
Postar um comentário